Quem sou eu

Irajá, Rio de Janeiro, Brazil
Estive deprimido nos últimos anos mas parece que acabou. Amanheci muito bem na segunda e continuei bem a semana toda. Percebi uma coisa muito importante. Percebi que sou livre. Estou no auge de minha forma física e mental e sou livre como nunca fui. Livre como talvez nunca vou ser. Mais livre do que a maioria das pessoas que conheço jamais será.

domingo, 25 de novembro de 2007

Sobre Chimpanzés e Outras Mutações

“O grupo dos chimpanzés já não é a horda submissa à tirania desenfreada do macho polígamo, mas sim uma organização social com diferenciação interna, intercomunicações, regras, normas, proibições.”¹

Foi um longo e penoso caminho até que os chimpanzés chegassem a esse ponto de socialização. E vale ressaltar que ainda não chegamos onde deveríamos. Nesse mundo quase dominado por chimpanzés selvagens, os poucos e quase extintos Homo sapiens restantes lutam para mudar a situação. E a maior arma nessa guerra entre primatas é, sem dúvida, o conhecimento. Portanto, vale lembrar como tudo começou...

No princípio o Big Bang criou o céu e a Terra. Por ser um fenômeno inconsciente não houve ninguém pra dizer depois “e ele viu que foi bom”.

Mas foi a evolução quem povoou a Terra de seres inúteis. Sim, a evolução do Design Inteligente (de acordo com os novos criacionistas que agora preferem ser chamados de “adeptos da teoria” que carrega o mesmo nome. Para fins de termos técnicos usaremos a seguinte abreviatura: “E.D.I.”, para: Evolução por Design Inteligente).

Após “criar” seres que não servem pra nada como lêmures, tarsus, tarsilas e amaral (EDI sempre foi meio confusa), ela optou por fazer evoluir algo mais útil, mesmo que essa suposta utilidade fosse um tanto inútil num contexto mais amplo (sinais de inteligência duvidosa). Assim surgiu Simas, o 1º dos chimpanzés selvagens.

Durante muito tempo esse foi o argumento de defesa usado pelos chimpanzés: “chegamos aqui primeiro, o mundo nos pertence”. Essa frase foi proferida por Jesus, um artista plástico da antiguidade, famoso por suas esculturas de madeira. Foi com base nessa ideologia que Jesus montou o primeiro grupo terrorista da história, posteriormente conhecido como “Os 12 macacos”. Dizem que na época, até Brad Pitt quis entrar para o grupo, mas como era um Australopithecus afarensis, isso não foi possível (os chimpanzés sempre foram muito segregacionistas). O livro deixado pelo grupo, popularmente conhecido como Bíblia Sagrada, até os dias de hoje é usado como base para se cometer as maiores atrocidades por terroristas e delinqüentes diversos.

Mas voltando à Pré-História... Simas logo tomou conhecimento das faculdades etílicas do mundo em que se encontrava, e assim, com toda a felicidade de um paraíso apenas seu para desfrutar, conhecer e criar, Simas era capaz apenas de se embriagar e recitar poemas. Passava manhãs, tardes e noites recitando. E EDI viu que não foi bom. Porém satisfazia-se em estudar as capacidades mentais de sua “criação”. É claro que quando Simas inventou a arte pós-moderna EDI decidiu dar um basta naquela palhaçada.

E para isso, a próxima coisa a ser criada seria o sexo explícito e o voyer. Assim surgiu Milene, a primeira fêmea chimpanzé. O resultado disso nosso leitor Homo sapiens já deve ter sido capaz de prever: nem utilidade e nem diversão. Simas e seus descendentes mostraram-se incapazes de realizar as tarefas mais simples, como fabricar e utilizar uma ferramenta, ou até ler Bukowski aos 20 anos de idade. Ou até ter uma ereção. O famoso “crescei e multiplicai-vos” não foi um conselho muito bem vindo, digamos assim.

Acima de tudo, EDI estava de saco cheio. Observar aqueles seres era muito mais chato do que passar horas vendo peixinhos num aquário. Até porque os peixinhos de EDI eram monstros marítimos gigantescos e pré-históricos que ela havia desenvolvido bilhões de anos antes. Definitivamente os chimpanzés não constituíam o que se pode chamar de entretenimento. A primeira coisa que passou pela cabeça de EDI foi afundar todos aqueles fãs de Fernando Pessoa num dilúvio de proporções mundiais. A segunda coisa foi: “Nããão... muito sádico...”

E foi neste momento, por volta do Plioceno/Pleistoceno, que a luz da sabedoria veio à tona: Por que não... Hominídeos? Sim, hominídeos! Seres que não só lessem Bukowski aos 20 anos de idade, como também fossem plenamente capazes de reconhecer que Bukowski só podia ter sido um chimpanzé selvagem. Seres que pudessem ter uma ereção e levassem o “crescei e multiplicai-vos” a sério. Que fizessem filmes pornôs e piadas inteligentes na mesa do bar. Seres... suficientemente complexos.

Deu-se início ao processo de aperfeiçoamento. Depois de muitos hominídeos, muitos Homo alguma coisa, e muitos milhões de anos, chega-se ao ápice. Sim, a evolução do design inteligente sempre teve um objetivo final: Homo sapiens num mundo globalizado. E sim, essa última frase foi totalmente irônica e pejorativa. Mas não sendo de forma alguma meu objetivo desviar o assunto, voltemos à questão fundamental...

É fato que a hominização da sociedade foi muito útil para EDI. Agora ela podia se divertir fingindo ser um telespectador do Big Brother. Mas para os chimpanzés selvagens... nada foi tão doloroso quanto a sua mais nova e cruel condição de desfavorecimento frente à seleção natural.

Num misto de inveja e discriminação, os chimpanzés deram início ao maior confronto da História.

E de lá pra cá, nada mudou...²
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1 MORIN, Edgar. O enigma do homem. Cap. 3: “Nossos irmãos inferiores”. Círculo do Livro, São Paulo.

2 Mais informações em http://nochimp.cjb.net – Um site para você que cansou de abusos.


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