Quem sou eu

Irajá, Rio de Janeiro, Brazil
Estive deprimido nos últimos anos mas parece que acabou. Amanheci muito bem na segunda e continuei bem a semana toda. Percebi uma coisa muito importante. Percebi que sou livre. Estou no auge de minha forma física e mental e sou livre como nunca fui. Livre como talvez nunca vou ser. Mais livre do que a maioria das pessoas que conheço jamais será.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Serve-Serve

Estamos atolados de termos em inglês. Isso não me faz me sentir alheado das minhas línguas (em Pelúcia falamos espanhol e, principalmente, o português), mas me deixa bastante irritado quando brincam com pessoas como a Çolange. Tudo bem... eu concordo que ela é bem “zoável”. Zoável porque se confinar numa casa com mais 13 pessoas sem ter o que fazer na vida é uma falta do que fazer (para quem não se lembra a Çolange era de umas das várias edições do BBB, que por ventura minha mãe e irmã gravaram todos os dias exaustivamente como loucas. Mas isso é historia pra outra postagem...) , mas, cá pra nós, foi divertido.

Pensando em Çolange, concordo com as milhares de crônicas que saem em jornais, com os livros que são editados sobre a baixa auto-estima do brasileiro. Falamos português, mas sonhamos falar outra língua como se isso não só servisse para a comunicação com falantes de outros sítios, mas também para criar um pequeno monstro: a “desidentidade” cultural. O Timor Leste, após anos de dominação da Indonésia, luta hoje, junto ao Brasil e outros países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, por manter o português como língua de cultura. Não estou sendo apocalíptico, dizendo que vamos perder nossa língua por ocasião de uma invasão ianque, mas seria triste repetirmos o que fizeram nossos ancestrais europeus ao serem dominados por Roma: escolheram o latim deliberadamente, deixando suas línguas de origem.

O vovô aqui já viu o Brasil ser invadido por outros modismos como “abat-jour”, o seu atual, abajur e garage, nossa garagem – tudo culpa dos anos em que vivíamos a belle epóque. Essa coisa de espelhar-se em outro povo, ou, até mesmo, viver como outro povo, pode ser até certo ponto saudável. Mas é muito tênue a linha que divide a subserviência da antropofagia consciente (salve, modernistas!). Não sou contra a proliferação dos cursinhos de inglês, japonês, chinês, espanhol ou francês – não sou xenófobo e nem vamos chegar ao ponto de expulsar jornalistas (pense em milhares de pessoas expulsando jornalistas do País, que divertido seria). Sou contra, sim, à obrigatoriedade de falarmos uma língua que não é a nossa.

Não somos obrigados a saber a sintaxe e os fatores corretos de outra língua quando achamos que o dia 31 de outubro estava muito sem graça sem feriado algum – e agora escolhemos festejar o Dia das Bruxas. Pense se não seria muito mais interessante, em vez de termos tantos termos ingleses pipocando em tudo quanto é canto, falarmos esses mesmos termos “aportuguesadamente”. Sou um defensor da língua – qualquer língua –, pois há de se respeitar as normas e o uso dos sistemas lingüísticos. Mas sonho um dia falarmos, em vez de:

self-service = “serve-serve”
delivery = “deliri”
e-mail = "o meio"
"very important people - VIP": Gente tudo dos trinque ou "mulheres-que-dançam-com braços-levantados-em bailes-de-carnaval"
blog = "brógui"
Mc Donalds = "lanchonete do capeta"
Drag Queen = "Ui!"
site = cafofo do demo
CCAA = Satanás
IBEU = Satanás
yes = parangaricutirimirruaro
ok = guatchatchá
light food = comida luz
Light = a companhia de luz do capeta
fast-food = (isso tem um som tão horrível que não quero aportuguesar)



ﮒﻷŖэņęģắđởﻷﮓ

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