Quem sou eu

Irajá, Rio de Janeiro, Brazil
Estive deprimido nos últimos anos mas parece que acabou. Amanheci muito bem na segunda e continuei bem a semana toda. Percebi uma coisa muito importante. Percebi que sou livre. Estou no auge de minha forma física e mental e sou livre como nunca fui. Livre como talvez nunca vou ser. Mais livre do que a maioria das pessoas que conheço jamais será.

sábado, 10 de novembro de 2007

Cansado de viver...

Cansado de viver na desorganizaçao que me assola. A vontade é tanta que nem aperto as teclas decentemente para que saiam sentimentos com força de sentimentos, porque tudo o que digo sai desconexo e sem sentido. as palavras perdem o sentido quando lhes tento dar algum, já que palavras não são palavras se não transmitem nada.

Até isso consegui fazer: destrui o objetivo das palavras. era bom quando conseguia, era bom quando era forte, era bom quando tinha barreiras imunitárias, era bom quando era eu, mas agora que me deitei numa cama que não é minha, quando desisti de procurar um aconchego no meio da guerra. Desisto de ser, desisto de viver, desisto de tentar, desisto de desistir, porque é que tem de ser tão dificil?
Ninguém me disse que o era, e saí do abrigo desprotegido, sem armas para lutar, sem armas para matar, porque na guerra sobrevive-se de qualquer forma, pisa-se, humilha-se. Na guerra foge-se do que eramos no abrigo, mas como uma flor sai para o sol sem saber sequer o que era, trouxe o meu cobertor, a minha roupa, uma fotografia tua e o meu livro que me dá palavras amigas e confortáveis, trouxe o meu pequeno mundo que cabe dentro dum quarto, mas não trouxe o que era preciso: armas. Não trouxe. Agora com o mundo a explodir em cima da minha cabeça, choro com medo do que vai acontecer, choro porque não sei se quero viver, choro porque sei que mais cedo ou mais tarde não vou aguentar mais, não vou poder me esconder mais dentro de mim próprio, e uma bomba caírá mesmo em cima do meu corpo frágil e pequeno, porque terá que acontecer, porque é a guerra. A guerra das pessoas, a guerra do amor, a guerra da amizade, a nossa guerra, a guerra que preparamos, a guerra que nos atiram, a guerra de que nos fazem chorar, mas quando o choro já nao mata a dor, escondo-me no buraco negro que passou a ser a minha alma, esse buraco é de onde vem o som dos passaros e os raios de sol. Aqueles que nem eu consigo chegar, mas é o meu abrigo, esse buraco negro, longe de tudo. Longe de ti, mas mesmo assim, parece que a memória nos quebra o muro e traz pará este lado aquilo que nunca deveria ter existido. Então a guerra formou-se na minha alma, e agora não consigo ter paz, nem aqui, dentro de mim mesmo. Ouve-se gritos mesmo ao meu lado, até quando estou sozinho, e tapo os ouvidos, tapo e fecho os olhos firmemente para que parem! parem! parem! mas não me ouvem, porque gritam. Todos gritam, todos aqueles que conheci. todos aqueles que me magoaram, todos aqueles que me trataram como lixo, até todos aqueles que me amaram ou fingiram que sim, todos. E eu continuo de olhos cerrados, até que consigo imaginar o mar, o vento, o sol, e a paz... só quero ser eu.
Mas na guerra nao há o "eu", mas sim uma causa, e essa causa é a sobrevivencia, para isso esquece-se quem fomos, quem somos, vivemos, conhecemos, matamos, e é essa a nossa causa: ser melhor!
Mas eu não quero ter uma causa, só quero poder passear na praia sem ouvir gritos, quero passear e conseguir respirar a maresia, não o pó dum campo de concentração, nem o cheiro, nem o horror, nem o barulho das bombas, nem os sussurros, nem a dor, nem a lágrima, nem o aperto de mão frustrado, nem o medo, nem o cansaço, nem a frieza, nem a solidão, nem a tristeza.
Não quero sentir nem ver nada disso. Só peço um dia, um dia de sol, com céu limpo e só o cantarolar dos pássaros no meu ouvido, um dia de calor, calor humano e calor natural. Um dia de ar puro, um dia sem gritos: só sussurros, um dia sem lágrimas: só sorrisos, um dia sem dor, um dia que nunca virá... assim perco a esperança de ver esse dia. Escurece, tal como escureceu há muito a minha alma.

ﮒﻷŖэņęģắđởﻷﮓ

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