Quem sou eu

Irajá, Rio de Janeiro, Brazil
Estive deprimido nos últimos anos mas parece que acabou. Amanheci muito bem na segunda e continuei bem a semana toda. Percebi uma coisa muito importante. Percebi que sou livre. Estou no auge de minha forma física e mental e sou livre como nunca fui. Livre como talvez nunca vou ser. Mais livre do que a maioria das pessoas que conheço jamais será.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

O Louco

Droga, este negócio está cada vez mais difícil! Trabalhar disfarçado é sempre um risco pois não podemos contar com ajuda externa de imediato, mas ultimamente as coisas estão piores.

Não sei se os loucos estão mais loucos e exigem tratamentos mais fortes ou se alguém anda desconfiando de mim. Só sei que nesta semana é a terceira vez que me dão fortes sedativos e me amarram a uma camisa de força.

Todos devem estar se perguntando agora o que eu faço nessa situação e quem sou eu. Devem achar que sou apenas um lunático qualquer em um raro momento de lucidez, um louco. Mas não estão de todo errados, pois eu sou “O Louco”.

Pelo menos é assim que sou conhecido no meio dos detetives particulares, pois sou o único louco o bastante para aceitar tarefas como esta: investigar o tratamento de um sanatório que é suspeito de aplicar técnicas não muito convencionais para o tratamento de doenças mentais.

O problema é que resolvi trabalhar disfarçado, mas me internar como mais um paciente não foi a melhor idéia que tive na vida. Só espero que não seja a última!

Talvez seja melhor eu explicar como vim parar nessa situação dos diabos.

Eu adoraria começar com uma bela silhueta feminina vista através da porta de vidro opaco com o meu nome estampado do meu escritório. A silhueta se mostraria um mulherão aos prantos pedindo a ajuda para tirar o pai internado injustamente num sanatório de práticas não muito usuais pelo filho ambicioso que quer o controle das empresas da família. Depois de tudo, é claro, eu ficaria com a moça.

Mas isso só seria verdade se eu estivesse num filme do Dick Trace ou algo assim. Na verdade trabalho na minha própria casa, sem nenhuma porta de vidro para pôr o meu nome. E quem veio até mim foi uma senhora já de idade avançada preocupada com o que estava acontecendo com o marido.

Eu havia sido indicado a ela por um colega policial. Como eles não teriam condições de investigar o caso imediatamente, logo se lembraram de mim. Só não sei se por recordarem minha grande habilidade como detetive ou por causa do apelido que tinha tudo a ver com o caso...

A única certeza que eu tinha era a de receber mais um pagamento inusitado. Provavelmente algum bolo ou animal de criação, pois a pobre senhora era mais uma aposentada que ganha uma mixaria do governo. Não é à toa que não consigo meu escritório, pois mesmo assim aceitei o caso.

Após breve investigação, descobri uma série de artigos suscitando suspeitas contra a instituição chamada de Sanatório “Acalma Ante Deus”. Tratamentos ilegais, erros médicos e pacientes que nunca ficavam curados... Garantia de receber das famílias ou do governo um dinheiro para manter doentes atados a uma cama com o mínimo de gastos...

Depois de investigar e ter mais uma idéia brilhante, o resultado é esse, como eu já disse: sedado numa cama e preso a uma camisa de força. Ótimo!

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Situação difícil, hein!

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