Quem sou eu

Irajá, Rio de Janeiro, Brazil
Estive deprimido nos últimos anos mas parece que acabou. Amanheci muito bem na segunda e continuei bem a semana toda. Percebi uma coisa muito importante. Percebi que sou livre. Estou no auge de minha forma física e mental e sou livre como nunca fui. Livre como talvez nunca vou ser. Mais livre do que a maioria das pessoas que conheço jamais será.

sábado, 1 de março de 2008

Marcados a Ferro, Fogo e Tecnologia

“... ZYK 687. Rádio Brasilis FM. Dez de agosto de 2010, seis horas da manhã, e é a hora dos comerciais...”
Mesmo correndo o risco de dormir novamente ele desliga o rádio e se esforça para levantar. Seria simplesmente impossível agüentar mesmo que mais alguns segundos de propaganda.
Não quer nem saber se o dia está bonito ou não, já que olhar pela janela implicaria em obrigatoriamente dar de cara com algum outdoor rotativo, sempre se atualizando. Maldita tecnologia! As novas formas de mídia de desenvolvidas já são quase capazes de nos acompanharem até na vida após a morte.
Justamente por isso a noite havia sido especialmente ruim. Simplesmente não lhe saía da cabeça a mais nova propaganda veiculada pela Media Centre – simplesmente MC – promovendo o Data Control.
“Associem-se a essa nova tecnologia, e tenham anúncios, produtos e serviços direcionados especialmente para você! E o melhor, tudo isso completamente de GRAÇA!Faça o cadastro agora mesmo no sítio www.datacontrol.mc.com e faça parte dessa grande comunidade...”
Era impossível de acreditar no que via. Os leitores de retina e chips subcutâneos estavam sendo instalados, e agora a propaganda. E o cadastro. Meu Deus, todos foram condicionados de tal forma que não perceberam o quão controlados estavam sendo, e agora estavam se preparando para serem marcados a ferro.
O próximo passo é o abate.
***
Algumas pessoas perceberam o que estava por vir e tentaram avisar. Há exatamente seis anos um texto havia sido publicado num dos inúmeros blogs que existiam naquela época. Época, é claro, anterior ao controle estatal do conteúdo da mídia.
Depois que a lei de controle foi aprovada, tudo começou a mudar. A princípio vagarosamente, fazendo todos acharem que a idéia não ia vingar. Mas tudo fazia parte do plano para fazer com que as pessoas baixassem a guarda.
E quando abrimos os olhos tudo já estava mudado. Não existiam mais notícias veiculadas online. As emissoras de rádio agora só transmitiam músicas e comerciais. Telejornais eram gravados e só mostravam notícias acontecidas há no mínimo 12 horas. A internet estava infestada de sítios de venda e de conteúdo pornográfico – pagos, é claro – e toda e qualquer página pessoal era supervisionada.
Outros itens que passaram a acompanhar a vida dele e de todos os outros foram as câmeras de vídeo.
Controlar o trânsito, evitar crimes, notícias em tempo real, o novo reality show que iria utilizar os dispositivos. Inúmeras desculpas foram dadas para a instalação das câmeras e agora todas ainda contavam com os leitores de retina e chips.
Novas desculpas, velhos objetivos. Agora mesmo sem ver a pessoa, quem se cadastrasse poderia ser localizado quase que instantaneamente em qualquer local coberto pela rede comercial – não seria de vigilância?
Já podia até prever os próximos passos do controle.
Tantos serão atraídos pelas “funcionalidades e vantagens” que logo a minoria que tentar resistir vai acabar sendo obrigada a aderir. E para evitar a exclusão social, seriam criadas leis, para que desde o nascimento as pessoas fossem identificadas. Com todos “marcados” como gado desde o berço, o controle total estaria finalmente estabelecido...

ﮒﻷŖэņęģắđởﻷﮓ

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