Quem sou eu

Irajá, Rio de Janeiro, Brazil
Estive deprimido nos últimos anos mas parece que acabou. Amanheci muito bem na segunda e continuei bem a semana toda. Percebi uma coisa muito importante. Percebi que sou livre. Estou no auge de minha forma física e mental e sou livre como nunca fui. Livre como talvez nunca vou ser. Mais livre do que a maioria das pessoas que conheço jamais será.

sábado, 15 de março de 2008

Analisando o Clichê Norte Americano

“Hollywood faz História”. Esse é o título do capítulo 12 do livro “As mais famosas lendas, mitos e mentiras da História do mundo”. É claro que o título é uma ironia. Porque para o autor é “óbvio” que Hollywood não faz História. Richard Shenkman, o dito cujo, deixa sua opinião bem clara ao dizer “Foram os filmes que mais contribuíram para informar as pessoas sobre a História mundial. Também foram eles que mais contribuíram para desinformá-las”, e passa para uma breve descrição dos mais curiosos erros históricos em filmes diversos, que vão de penteados impossíveis a figurinos não menos inviáveis.
Qualquer pessoa que assistiu “Gladiador” é capaz de concordar com isso. Mas o fato é que Shenkman está errado. Hollywood realmente faz História. Isso porque todo e qualquer filme não deixa de ser um documento histórico da sociedade que o produziu.
Existem duas formas de se analisar um filme historicamente. Você pode voltar sua atenção para os aspectos concernentes à época em que o filme foi produzido, ou para os referentes à época que o filme tenta retratar.
Sendo assim, mesmo que um filme seja o que comumente chamamos “filme de época”, ainda é possível identificar no mesmo características relativas ao período de sua produção. Da mesma forma, qualquer filme de sessão da tarde pode ser encarado como um documento histórico, analisando-se aspectos tais como: cotidiano, costumes, moda, decoração. Sim, é triste admitir que coisas como “American Pie – O Casamento” têm importância para a reconstituição histórica dos fatos. Mas é a verdade.
Eu já tentei adaptar o clichê norte-americano. Eis algumas das conclusões que historiadores do futuro chegariam se tivessem que reconstituir a história americana unicamente a partir de seus clichês cinematográficos:
A juventude americana é muito sem noçãoTodo mundo já conseguiu engolir a estranha dicotomia “loser x popular” mostrada em 99% dos filmes que retratam o ambiente escolar americano. Mas aposto como qualquer um acha difícil engolir a maneira como os jovens parecem lidar com isso. Quer dizer, eles não se limitam a desprezar os losers e espalhar boatos sobre os mesmos, como qualquer jovem normal no Brasil faz quando odeia alguém.
Em “Nunca fui beijada”, o bonitão da escola convida a estranha Josie para o baile. Em frente a sua casa, Josie espera ansiosa pelo rapaz que vem buscá-la. Infelizmente ele passa de limusine acompanhado de outra. Plausível? Sim, até o momento em que ele joga 3 ovos na garota que estava toda pronta. Cadê a noção? Comparando com outros filmes, você pode facilmente perceber uma tendência extremamente bizarra: Os losers são massacrados. Metade das coisas praticadas com eles deve ser no mínimo inconstitucional. Nos filmes eles são espancados, roubados, despidos, sacudidos em contêineres. E isso tudo no colégio na frente de todo mundo.
Talvez Hollywood tenha exagerado. Mas é sempre bom lembrar que foi nesse beautiful country que dois estudantes entraram armados num colégio e mataram 12 alunos.
Táxis são uma verdadeira raridadeA perigosa Ellena de “Presença de Ellena” nunca teria se aproximado de seu alvo se estivesse no Brasil. Isso porque ela conheceu o cara numa fila para táxis, e aqui no Brasil é muito mais fácil encontrar táxis em fila.
Se você parar para notar nos filmes, verá que: Ou há uma imensa fila esperando um táxi; ou o personagem está no meio da rua desesperado fazendo sinal para todos os táxis que passam, e nenhum pára; ou então há dois personagens brigando por um táxi, o que as vezes termina em um táxi compartilhado por pessoas que vão a locais próximos.
Conclusão plausível: esse ramo não deve ser muito atraente nos Estados Unidos.
Na década de 80 não havia moda teen De 50 a 70 você podia reconhecer um jovem na rua. Você podia até reconhecer um jovem num filme. Mas a década de 80, com sua estética do bizarro conseguiu destruir a moda para adolescentes. Assista aos filmes da década de 80. Sim, todos aqueles de sessão da tarde. Enquanto hoje as adolescentes fazem questão de usar roupas que uma mulher de 40 anos nunca ousaria vestir, na década de 80 os filmes dão a entender justamente o contrário. A partir dos 13 as garotas esperavam parecer exatamente com suas mães. Parecer mais velha devia ser sinônimo de amadurecimento e consequentemente trazia prestígio e popularidade nos colégios americanos.
Assim, vemos em “Namorada de aluguel”, a pobre Cindy, depois de ganhar mil dólares e fingir ser a namorada do cara mais loser do high school, chegar a uma festa com uma roupa extremamente ridícula. Automaticamente todas as garotas da festa caem em cima dela. “Que roupa linda!!!” Ao que é respondido “É da minha mãe, a gente tá assim agora, ó”. Olhares invejosos.
Mentira? Comprovação rápida e fácil pode ser feita simplesmente pegando o álbum de fotos da família e olhando suas fotos da década de 80 e início de 90. Sim, suas fotos. Já que a desgraçada moda oitentista deixou suas marcas até no Brasil. Malditos anos 80!!!
Os xerifes são um bando de pregosChester Desmond é o agente do FBI enviado à pacata cidade de Twin Peaks, a fim de investigar o assassinato de Teresa Banks. Alertado pelo chefe através de um código bizarro, já vai preparado para enfrentar algo muito mais complicado do que um caso cheio de mistérios e poucas evidências: O xerife da cidade, que fará de tudo para atrapalhar seu trabalho.
Assim, temos que agüentar em 60%¹ dos filmes policiais uma briga desnecessária entre os xerifes de pequenas cidades e os agentes do FBI, que estão lá, é claro, só para tomar o espaço dos neuróticos policiais locais. Se corresponde a realidade ou não, deixemos aos muito mais interessados o papel de descobrir. Mas uma coisa é certa: Pelo menos no cinema, foi-se o tempo em que os xerifes eram os mocinhos do velho Oeste.
Negros e brancos americanos vivem em pé de guerra até hojeTudo bem se você ignorar todos os filmes e seriados que tratam exatamente desse assunto. Você pode até ignorar todos os filmes que são compostos unicamente por atores negros. Ainda assim perceberá nas entrelinhas de diversos outros filmes da contemporaneidade a estranha “briga de raças”.
Tudo dá a entender que antes de aprender que são Homo sapiens, fruto de dezenas de milhares de anos de evolução, os americanos aprendem se são brancos ou negros. E isso dá pano pra manga de muito filme.
Em Pânico 2, a primeira vítima foi o caminho inteiro reclamando com o namorado porque teria que assistir um “filme de brancos” no cinema.


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